domingo, 20 de março de 2011

Resposta à Carta da Passarinha...








Hoje, inicia-se uma nova fase na trajetória do blog. Nele, faremos o que poderíamos de chamar de “consultório sentimental“. Tentarei ser objetiva, algo complicado para a minha pessoa, já que tento estimular o pensamento no ritmo de cada um. Vocês caros leitores (as) é que darão o tom para a nova trajetória que se inicia.

Vamos ao trabalho?
 
Carta da querida Passarinha
14 de março de 2011
Nesse fim de semana tomei a decisão de te ligar e dizer o que eu penso o que eu sinto... Queria muito que soubesse que não sinto raiva. Tristeza pelo que houve não posso me negar a ter, não posso me privar de sentir. Sempre penso com pesar, mas talvez fosse pior se tudo acontecesse lá na frente. Foi o que eu disse que não tenho raiva, que penso sempre em vocês com carinho e torço por você (e por mim). Chorei. Não esperava mesmo que isso acontecesse, mas na hora que comecei a discar, comecei a tremer, e quando começamos a conversar as piadas que eu queira fazer, sumiram. A voz começou a me trair, ou a me revelar. Não era pra ter chorado. Mas isso me mostrou que o encontro talvez não fosse mesmo uma boa idéia. Não agora. Porque eu realmente estava tentando me enganar, tentado me convencer que queria só dizer essas coisas e que não tinha esperança de que quando conversássemos, e quando você me olhasse de novo, todo aquele seu sentimento viesse à tona novamente. Era isso que eu queria ter tudo de volta. Agradeci pela sinceridade, pelo que passamos pelo que me mostrou que eu podia ter e não sabia. Você apenas confirmou o que já havia dito antes, que o sentimento por mim tinha mesmo mudado, que tinha tomado a decisão certa. Disse que sabia o que tinha acontecido comigo e mostrou preocupação sincera. Disse que recebeu minhas mensagens e achou que seria melhor não responder, não ligar... Porque achou que seria pior. (E sim, seria. Seria inevitável que eu criasse esperanças). Não queria que soubesse, porque isso poderia trazer um sentimento de pena. Mas, isso era mesmo inevitável, por conhecermos tantas pessoas em comum. Mas eu queria que me visse alegre, reluzente. A pena só afastaria mais e mais você de mim. Mas você foi claro, foi claro que já está afastado e que tem seus planos em mente e que está dedicado mesmo a isso. Me disse que não é fácil também, que se sente só muitas vezes, mas que acredita que fez o que era certo. Depois de desligar, pensei se não teria agora criado, ou alimentado o sentimento de pena. Não era pra eu chorar. Era pra conversar normal, rir, fazer piadinhas, mostrar que estou bem (ou fingir que estou). Fiquei pensando nisso e mandei aquela mensagem dizendo que apesar das minhas lágrimas, eu estava bem e que ficaria muitíssimo chateada em saber que sente pena ou algo assim e que “continuava sendo aquela pessoa sensível, mas também alegre e louquinha que você conheceu”. Você pareceu tão centrado, tão certo, seguro. Deve estar mesmo, apesar de que ainda acredito que sinta minha falta em muitos momentos.
Depois me veio uma tristeza enorme, como se tivesse perdendo-o novamente. E fiquei pensando na minha vida, e me sentindo tão pequenininha, tão sem importância, tão “só mais uma pessoa”. E pensei em qual a minha relevância, o que eu já fiz ou faço de grandioso. Um imenso sentimento de “pequenitude”, insignificância. Talvez precisasse de me sentir amada para me sentir importante. Acho que existe uma verdade nisso. Depois pensei em quem eu queria ser, até mesmo em questão de estilo (como uma adolescente...). O lado bom é sacudido na alma. Tinha pensado em fazer tantas coisas e ainda não fiz. Veio a vontade de abraçar o mundo e fazer tudo! Mas daí viria à frustração porque deve ser um passo de cada vez. Precisei para pensar novamente, o que é um exercício diário. Ainda estou sentindo a “pequenitude”, mas amanhã vai ser outro dia.
Resposta de Malu à passarinha:
Você expressou seus reais sentimentos, enfrentando a realidade, quando decidiu telefonar. Tal atitude demonstra sua evolução emocional, já saiu da fase da raiva, para a tristeza. Reconhece suas emoções e sinaliza seus sentimentos. Algo marcante que vejo nesta linda história de amor de vocês, é que realmente tudo aconteceu de fato. Ele me parece uma pessoa afetiva e com honestidade emocional.
Minha querida, quantas mulheres esperam viver uma relação afetiva autêntica a sua vida toda e nunca conseguem. Sei que o que você precisa agora, não é de nenhum tipo de consolo. Porém, o que viveu vai ficar para sua vida toda guardado em seu coração. Se durou pouco ou muito não importa, o que fica é a intensidade da autenticidade da relação.
Verdadeiramente, daqui para frente, não é qualquer tipo de pessoa que você vai se interessar, uma vez que tem um termômetro para mediar o que é bom ou ruim.
Agradecer, perdoar, amar e sentir muito pelo que não foi possível mais acontecer... São atitudes que é preciso ousar e ter coragem. Parabéns! Você teve!
Outro ponto interessante que você levanta é a necessidade de se sentir amada... Nesse sentido, Lacan afirma que “todo ser humano necessita amar e sentir-se amado” . No entanto, você precisa focar em seus projetos, amar a sua vida e a si mesmo. Ter um amor é ótimo, só que não podemos jogar a nossa expectativa de vida somente numa relação. Priorize por onde começar, e como lema para o dia- a- dia te repasso à dica dos alcoólatras anônimos...” Só por hoje... amanhã será outro dia...
Concluindo deixo um trecho da música “o amanhã” tão bem cantada por Simone:
Como será amanhã?
Responda quem puder
O que irá me acontecer? O meu destino será como Deus quiser
Como será?...
Enfim, faça a sua parte....Continue num processo de reflexão-ação-reflexão.

Beijos (da borboleta).

Malu Carvalho
met(amor)fose
 
Para você voar na imaginação deixo um vídeo com a música "Carta de Amor, com a cantora  Eleonora Falcone.
 

5 comentários:

  1. Esquecer doí, mas para recomeçar esquecer é preciso...lembrei de um texto meu "recomeçar"..Nele falo das fases, conhecer, encantar, apaixonar...decepcionar, reencontrar e começar tudo novamente não é mesmo?!...O amor é vida e sendo vida é um ciclo, onde verbetes como recomeçar, esquecer, amar, enfim, viver fazem parte...

    ResponderExcluir
  2. Recomeçar

    Recomeçar...
    Se dar uma nova chance.
    De fazer diferente...
    De ser mais feliz.
    Recomeçar...
    Até mesmo voltar.
    Voltar ao início.
    Ao ponto de partida.
    Reparar falhas.
    (re)constuir.
    Recomeçar...
    Seguir um novo caminho.
    Novos sonhos.
    Voltar a aprender.
    Aprender a ser feliz..
    Aprender a amar.
    Recomeçar...
    Começar a ser feliz...
    Voltar ao primeiro amor...

    ResponderExcluir
  3. Muito válida e bonita a coragem para terminar. E é muito bom quando o amor termina sublimando-se... Muito saudável, porque o que houve de bom nunca se acaba... E o amor continua sendo amor, nunca ódio ou mágoa.

    ResponderExcluir
  4. Que passarinha corajosa!!!!
    è muito difícil se expor assim!!
    Mas o melhor de tudo é conseguir curar todas as nossas dores. E definitivamente: tudo passa!!

    ResponderExcluir
  5. Sim., coragem e a ousadia para encarar a realidade foram decisas para o processo de cura.

    ResponderExcluir